Por Pierpaolo Nota
Há lugares que as palavras tentam descrever, mas que a alma se recusa a confinar ao papel. O Buraco do Padre é um deles. Não é apenas um ponto turístico no município de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná; é uma experiência sensorial e espiritual que me acompanha desde que pus os pés ali. Ao chegar, a primeira sensação é de um silêncio ativo, preenchido apenas pelos sussurros da natureza. O ar puro, o canto dos pássaros e o murmúrio distante da água criam uma sinfonia de paz que impera absoluta.
O local é surpreendentemente bem cuidado, um verdadeiro oásis de organização e harmonia. Fui recebido por um receptivo acolhedor, que me orientou com gentileza sobre os passeios. E, para minha surpresa, encontrei uma estrutura completa, incluindo um restaurante excelente, com opções de buffet e à la carte, perfeito para recarregar as energias após as caminhadas.
Mas a alma do lugar, sem dúvida, é o próprio Buraco do Padre. Uma furna colossal, esculpida pela força paciente da água ao longo de milênios. Ao adentrá-la, é como se o tempo desacelerasse. Lá dentro, uma cachoeira majestosa desce serenamente, desenhando as rochas com seu fluxo eterno. É um espetáculo de humildade: perceber que aquela paisagem foi talhada gota a gota, ano após ano. Fotografias e vídeos são incapazes de transmitir a magnitude dessa sensação. É preciso estar lá, sentir a umidade no rosto, ouvir o eco da queda d’água e permitir que a grandiosidade do local nos envolva por completo.
Além da furna, outro passeio que merece destaque é a Fenda da Freira. Localizada no ponto mais alto do parque, a caminhada de subida é recompensada com uma aula ao ar livre. Os guias, verdadeiros contadores de histórias, explicam cada detalhe geológico e histórico com uma paixão contagiante. Apesar do esforço, é um trajeto perfeitamente viável para crianças, criando memórias que, garanto, ficarão para sempre.
Uma dica valiosa: deixem a Fenda da Freira para o final. A descida do morro pode ser feita por uma tirolesa de 630 metros de extensão, chegando até 80 metros de altura. Deslizar sobre as copas das árvores, com o vento no rosto e a vista panorâmica dos Campos Gerais, é mais do que uma aventura; é um momento de pura reflexão. Uma pausa no ar, entre o céu e a terra, que nos faz questionar o essencial.
Outra experiência que vivi no local foi observar os andorinhões. No final da tarde, pude vê-los retornando em revoadas para dormir atrás do véu da cachoeira, um balé natural de vida e abrigo. De manhã, testemunhar sua partida é igualmente impressionante – um despertar cheio de energia e propósito.
Seja qual for a sua crença, o Buraco do Padre é um convite à pausa, à oração, à introspecção. Nas duas vezes em que estive lá, escolhi fazer minha prece silenciosa dentro da furna, sentindo a energia ancestral do lugar. Mas é um mero detalhe, pois a natureza é tão exuberante, tão divinamente presente, que é possível sentir a presença de Deus em cada canto, em cada sombra, em cada raio de luz que atravessa as fendas das rochas.
Visitar o local durante o dia ou à noite são experiências igualmente imperdíveis. Durante o dia, a luz revela cada detalhe da vegetação e das formações rochosas. À noite, sob o manto estrelado, o parque ganha um ar de mistério e tranquilidade ainda mais profundo.
O Buraco do Padre não é apenas um destino. É uma jornada para dentro de si mesmo. É onde a natureza sussurra lições de paz, e o coração, em silêncio, aprende a ouvir.
Para planejar sua visita e viver essa experiência transformadora, todas as informações sobre horários, passeios e estrutura estão disponíveis no site oficial: buracodopadre.com.br
